Em Bruxelas, Bélgica, apesar de crescentes restrições de conservadores britânicos à China, o governo do Reino Unido está decidido a se relacionar com o pais asiático, mostra a nova estratégia de segurança, defesa, desenvolvimento e política externa.

A China é apresentada como “desafio sistêmico”, enquanto a Rússia é caracterizada como rival estratégico e Estado hostil no documento, chamado de Revisão Integrada.

O texto usa uma linguagem cautelosa para se referir ao gigante asiático e uma abordagem aparentemente contraditória, que, para analistas, é proposital:

“O fato de a China ser um estado autoritário, com valores diferentes dos nossos, apresenta desafios para o Reino Unido e nossos aliados. A China contribuirá mais para o crescimento global do que qualquer outro país na próxima década, com benefícios para a economia global”, afirma o documento.

O documento fala em cooperação e colaboração, mas algumas áreas sugerem “caminhos acidentados à frente nas relações internacionais”, segundo Gaston, e não só pela abordagem “equilibrada” em relação à China.

O documento reafirma a importância da Otan (aliança militar entre países da Europa e América do Norte), mas a maior parte dos recursos de defesa irá para pesquisa e desenvolvimento, segurança cibernética e a modernização da Marinha e da Força Aérea Real. Boris também planeja lançar um foguete britânico ao espaço.

A ênfase no Exército é menor – o governo britânico conta com potências europeias como a Alemanha para reforçarem a segurança terrestre da Otan. Isso pode elevar a preocupação de parceiros do Reino Unido na aliança, de que Boris retire soldados da Força-Tarefa Conjunta de Muito Alta Prontidão, lançada em 2015.

A visão de longo prazo britânica também aponta a proa para a região do Indo-Pacífico, que descreve como “cada vez mais o centro geopolítico do mundo”. “A partir da base segura da Otan, procuraremos amigos e parceiros onde quer que eles possam ser encontrados”, disse o premiê em discurso no Parlamento. 

O documento não menciona disputas territoriais que envolvem a China na região, principalmente no mar do Sul da China.

O Reino Unido é candidato a integrar a aliança que reúne hoje Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietnã. O governo britânico deve buscar “relacionamentos baseados em interesses comuns, mais do que em valores comuns”.