Faz precisamente 35 anos, que existiram duas explosões, situadas perto da fronteira norte da Ucrânia, que destruíram o núcleo da unidade 4 da central de energia nuclear de Chernobyl.

O acidente aconteceu à 01:24 do dia 26 de Abril de 1986, onde a combinação entre falhas no Design do núcleo, uma política de segurança deficitária e a falta de conhecimento sobre o reator culminaram naquele que ainda hoje é considerado o maior acidente da história da energia nuclear.

Na agenda do dia 25 de Abril de 1986 estava marcada uma paragem para manutenção da unidade 4 da Central de energia nuclear de Chernobyl, onde ao mesmo tempo e aproveitando a diminuição da potência do núcleo que iria acontecer nesse dia, estava também prevista a realização de um teste de segurança ao sistema de refrigeração de emergência do reator.

Sabe-se agora que o modelo do reator nuclear utilizado na central da Chernobyl, onde os reatores RBMK, apresentava um conjunto de limitações no seu design. Na altura já tinham sido identificadas algumas, como é o caso de uma falha no funcionamento do sistema de refrigeração de emergência: as bombas que expeliam água para o núcleo eram alimentadas com a energia proveniente de geradores a combustível, que demoravam cerca de um minuto a atingir a potência necessária para que estas começassem a trabalhar. Durante esse minuto, a contar da desativação do processo, o núcleo continuava a emitir calor.

A origem das explosões tem vindo a ser analisada ao longo dos anos e, ainda hoje, não se sabe com certeza o que causou a destruição do núcleo da central de Chernobyl. O relatório INSAG-7 considera que o acidente ocorreu devido à conjugação de “características físicas específicas do reator; recursos específicos do design dos elementos do controlo do reator; e ao facto do reator ter sido levado para um estado não especificado pelos procedimentos ou investigado por uma organização independente de segurança”.

Para além de Akimov e Toptunov, morreram mais 28 pessoas em consequência direta do acidente – 22 trabalhadores da central e seis bombeiros. A exposição a elevados níveis de radioatividade foi a principal causa, levando as vítimas a desenvolver síndrome de aguda da radiação nos dias seguintes ao acidente. O número vítimas indiretas é difícil de calcular, mas as projeções estimam que o valor poderá estar na casa dos quatro mil mortos.

Só passados dois dias das explosões é que o mundo teve conhecimento do acidente de Chernobyl. Foi identificada na central nuclear de Forsmark, na Suécia, – a 1.000 quilómetros de distância – uma elevada concentração de radioatividade, o que levou o Governo sueco a questionar a URSS se tinha acontecido algum acidente em Chernobyl. Inicialmente a URSS negou, mas acabou anunciar publicamente o acidente a 28 de abril.

O incêndio do núcleo do reator esteve ativo durante nove dias, tendo sido controlado a 4 de maio de 1986. Mesmo sem as chamas, o núcleo do reator continuava muito quente e foi colocada em causa a capacidade da estrutura que existia por baixo do reator. O projeto foi iniciado dois dias depois e tinha como objetivo evitar que as altas temperaturas derretessem a estrutura previamente existente e que esta se tornasse permeável à radioatividade, correndo o risco de se espalhar pelo solo e contaminar lençóis de água.

Mais de 400 trabalhadores escavaram um túnel – que passava por baixo da unidade 3 – e conseguiram colocar uma placa de betão por baixo do núcleo destruído. Para além de reforçar a estrutura, a placa ajudou no arrefecimento do núcleo. Este projeto demorou 15 dias a estar concluído.