Numa altura em que o país vive momentos dramáticos, com dezenas de ambulâncias diariamente em filas e horas intermináveis para “entregar” doentes aos hospitais, e em que, a ministra da saúde Marta Temido, anunciou ao país a hipótese de transferir doentes para hospitais no estrageiro, em Miranda do Corvo, distrito de Coimbra, existe uma unidade hospitalar, totalmente equipada, com mais de 55 camas disponíveis, pronto para abrir desde junho de 2019 mas não lhe é autorizado abrir!

Investimento da Fundação ADFP, o Hospital Compaixão está instalado em Miranda do Corvo, CIM de Coimbra e na região do Pinhal Interior, aguarda desde junho de 2019 os “Os acordos de cooperação que assentam no princípio de uma redução de 10 por cento nos custos para o Estado relativamente ao que paga na hospitalização privada e não percebemos porque a ARS não quer poupar e opta por desperdiçar 10 por cento”

“Não se percebe que o Governo prefira gastar dinheiro em tendas ou transforme pavilhões em unidades de saúde e acolhimento de doentes e ignore um hospital com 54 camas, quartos com casas de banho individuais, bloco operatório com duas salas de cirurgia, área para de urgência, setor ambulatório, consultas externas e internamento, equipamentos de imagiologia e diagnóstico, ecografia, TAC ou RX, e ainda ventiladores, três dos quais foram disponibilizados gratuitamente para acudir doentes no IPO de Coimbra, na primeira fase da pandemia”, refere Jaime Ramos presidente da ADFP.

IMPASSE NO HOSPITAL COMPAIXÃO É “SURREAL” PARA A ORDEM DOS ENFERMEIROS

Confrontada com o impasse na assinatura do acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Fundação ADFP, a comitiva da Ordem dos Enfermeiros afirmou ser “incompreensível” a situação quando o acesso à saúde é “um direito básico e constitucional”.

A Direção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros visitou o Hospital Compaixão, em Miranda do Corvo, e, acompanhados pelo Presidente da Fundação ADFP, Dr. Jaime Ramos, conheceu aquela que é “uma resposta totalmente adequada àquilo que são as necessidade desta população”.

Durante a visita, Ricardo Matos, Presidente do Conselho Diretivo Regional do Centro, afirmou que “é necessário priorizar as necessidades das pessoas e salvaguardar aquilo que é a qualidade de vida da população”, sendo “urgente o acordo de cooperação com o SNS para esta resposta que se encontra totalmente equipada, com os equipamentos de diagnóstico e com material hoteleiro, tudo pronto a funcionar”.

Para a Ordem dos Enfermeiros a urgência na abertura do Hospital prende-se não só com a empregabilidade no setor, criando postos de trabalho, mas sobretudo com a qualidade de vida das populações, relacionando-se “com aquilo que são as urgências básicas e que não existem nesta região, o que obriga as pessoas a deslocar-se dezenas de kms para ter acesso a cuidados que não exigem um serviço altamente diferenciado “.

Para Ricardo Matos a abertura do Hospital não acarreta novos custos para o SNS , antes poupança , porque só é necessário reorientar verbas que já estão a ser gastas noutras respostas privadas do sector lucrativo  , nomeadamente exames auxiliares de diagnóstico e cirurgias . Para o responsável da Ordem dos Enfermeiros o valor de internamento numa cama de convalescença será muito mais barato que manter os doentes nos CHUC com alta médica, a aguardar resposta na comunidade.

 O Hospital, totalmente equipado e pronto a funcionar, abrange uma população potencial de 150 mil utentes dos vales dos rios Ceira e Dueça e concelhos vizinhos de Miranda do Corvo no Pinhal Interior, e torna urgente, na ótica do Organismo, a “criação de um lobbyforte para sensibilizar o Ministério e a Administração Regional de Saúde do Centro para a necessidade do acordo”. A entrada em funcionamento da unidade de saúde permitirá descongestionar consideravelmente o CHUC.

Em relação às condições da unidade, a Comitiva, na pessoa do Presidente Ricardo Matos, mostrou-se agradavelmente surpreendida com a “resposta de muita qualidade adequada àquilo que são normas de funcionamento das unidades de saúde”, destacando as condições de separação de resíduos nas várias valências do hospital, com circuitos que não existem em hospitais públicos e mesmo privados.

 O Hospital Compaixão, em Miranda do Corvo, dispõe de quatro valências da Imagiologia Clínica (TAC, Radiologia, Mamografia e Ecografia), análises clínicas, dois blocos operatórios, área de urgência, setor de consultas de ambulatório com especialidades médicas e de internamento. No internamento está previsto criar uma unidade de cuidados continuados de convalescença e de paliativos.

 Jaime Ramos, Presidente do Conselho de Administração da Fundação ADFP, reclama urgência na resolução do impasse e afirma que a instituição à qual preside, e que é responsável pelo investimento na sua totalidade, não se move por “qualquer interesse lucrativo privado” e visa “unicamente a defesa da utilidade pública”.

A Fundação ADFP reivindica acordos de cooperação para que o SNS comparticipe nos exames complementares de diagnóstico, no atendimento permanente de urgência com horário alargado para complementar as respostas dadas pelos Centros de Saúde da região, consultas de especialidade médicas, com “consultas na hora” de modo a poupar o tempo de deslocação e os custos unitários, tratamentos cirúrgicos, internamento de medicina e cuidados continuados de convalescença e paliativos.

A comitiva da Ordem dos Enfermeiros foi constituída pelo Presidente Ricardo Matos, Pedro Lopes, Presidente do Conselho de Enfermagem e Valter Amorim, Presidente do Conselho Jurisdicional.