Dez militares da GNR e um agente da PSP, detidos na terça-feira numa megaoperação da Polícia Judiciária contra a exploração de imigrantes, são suspeitos de receber entre 200 euros durante a semana e 400 euros ao fim de semana para controlar e vigiar centenas de trabalhadores estrangeiros. A informação foi avançada pelo Expresso.
A maioria dos elementos das forças de segurança envolvidos prestava serviço no posto de Beja, embora alguns tenham sido entretanto transferidos para outros pontos do país no decorrer da investigação. Segundo a PJ, os detidos teriam facilitado a atuação de um grupo criminoso e violento que explorava imigrantes, muitos deles em situação irregular.
As vítimas eram mantidas sob coação, mediante ameaças, e há relatos de agressões físicas. Eram obrigadas a trabalhar longas jornadas e viviam em condições degradantes, dormindo amontoadas em espaços sobrelotados.
No total, 17 pessoas foram detidas — 10 militares da GNR, um agente da PSP e seis civis — e deverão ser presentes esta quarta-feira ao primeiro interrogatório judicial no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

GNR repudia atuação dos seus militares
A Guarda Nacional Republicana afirmou que não há lugar na instituição para quem corrompa “o compromisso de honra e exemplaridade ética” que orienta a força. A GNR garantiu ter colaborado com a PJ na operação e sublinhou que, se as suspeitas se confirmarem, fará “tudo para que os autores sejam criminalmente responsabilizados”.
PSP diz que denunciou suspeitas há dois anos
A Polícia de Segurança Pública esclareceu que o agente detido estava em casa de baixa há mais de um ano e que a própria PSP já tinha enviado ao Ministério Público, há dois anos, uma denúncia sobre os alegados crimes. A força policial demarcou-se igualmente do comportamento do agente, reafirmando que a sua atuação se baseia em princípios como legalidade, imparcialidade e respeito pelos direitos humanos, e garantindo que tudo fará para evitar que situações deste tipo se repitam.

