Um homem está a ser julgado no Tribunal de Cantanhede pela prática de um crime de dano qualificado, depois de ter cortado cabos de telecomunicações de um poste situado no seu terreno, na localidade de Covões, concelho de Cantanhede. O arguido, com cerca de 50 anos, natural de França e residente em Vagos, afirma ter aguardado mais de um ano pela Altice para a relocalização do poste, necessária para avançar com obras destinadas à criação de uma unidade de alojamento local.
O pedido para o desvio das linhas foi feito em março de 2023, uma vez que a construção da piscina deveria arrancar no mês seguinte. Sem resposta da empresa, o homem dirigiu-se em junho a uma loja da Altice, em Cantanhede, onde lhe garantiram que o processo estava em curso. No mês seguinte, um técnico deslocou-se ao local, assegurando que o desvio seria feito “com brevidade”.
No entanto, nada aconteceu. Em setembro, o arguido voltou à mesma loja e recebeu um contacto telefónico de emergência para situações semelhantes. Em outubro, esgotada a paciência, subiu ao poste e cortou um dos cabos. Meia hora depois, os técnicos da Altice compareceram no local e, após explicações, repuseram o serviço, garantindo que o desvio seria concretizado na semana seguinte.
Sem avanços, e já em fevereiro deste ano — quase um ano após o primeiro pedido — o homem cortou novamente os cabos. Desta vez, impediu a entrada dos técnicos na propriedade até que o problema fosse resolvido. A situação levou à intervenção da GNR. Nesse mesmo dia, os trabalhadores da empresa fizeram um desvio provisório das linhas. O desvio total e a retirada do poste só ocorreram em abril.
O arguido explicou às autoridades que o atraso da Altice obrigou à prorrogação do alvará e impediu a conclusão das obras antes da época balnear de 2024, originando prejuízos financeiros.
A Altice, por sua vez, refere prejuízos no valor de 5.400 euros, relativos à reparação e substituição de cabos numa extensão de pelo menos 350 metros, segundo o Ministério Público.
O julgamento começou na semana passada em Cantanhede. O advogado do arguido, Vítor Gaspar, escusou-se a prestar declarações antes do final da audiência.