As presidentes da Câmara de Tondela e da Junta de Freguesia de Parada de Gonta visitaram, na manhã desta terça-feira (18 de julho), o campo voluntário internacional que está a decorrer, desde o início da semana passada, no Castro de Três Rios, em Parada de Gonta.
Nos trabalhos, coordenados por uma equipa do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP), participam doze jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos, provenientes de seis países. De Espanha participam três pessoas, de Itália duas, do México uma, assim como de Taiwan e França. Aos oito estrangeiros juntam-se quatro voluntários portugueses.
O campo de trabalho voluntário internacional é promovido pela Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Parada de Gonta e pela Junta de Freguesia local, com o apoio da Câmara Municipal de Tondela e do Instituto Português do Desporto e Juventude e a colaboração da Associação os Amigos de Parada de Gonta, Clube de Caça e Pesca local e ASSODREC.
“Eles estão a fazer trabalhos de levantamento topográfico, estão a desenhar estruturas para construirmos a planta das estruturas que foram escavadas há alguns anos e, sobretudo, a obter registos que permitam no futuro desenvolver estratégias de intervenção no local”, explica o arqueólogo Pedro Matos, do CEAAC, salientando que o Castro de Três Rios “é um local muito interessante e importante para o conhecimento científico, no que diz respeito ao processo de consolidação do domínio romano em Portugal.
“O estudo deste sítio vai permitir esclarecer um conjunto de questões que não tem a ver só com o sítio, mas com a ocupação romana desta zona vulgarmente conhecida como o Planalto Beirão”, acrescenta o também estudante de doutoramento que na sua tese está a estudar o Castro de Três Rios.
Ferran Rocamora, de 18 anos, natural de Barcelona, é um dos três espanhóis a participar no campo de trabalho internacional. O jovem, estudante de física, diz que está “a descobrir muitas coisas de história e arqueologia”.
“Estamos a limpar os vestígios romanos aqui do castro. Eu procurei campos de trabalho internacionais e encontrei este aqui no castro, que me interessou e, por isso, decidi vir. Estou a gostar muito, estamos a aprender muito”, refere.
Já do outro lado do mundo, do México, veio Ana Pérez, de 27 anos. “Interessei-me sempre por esta parte da arqueologia. Estar aqui com pessoas de outras culturas é muito enriquecedor. É uma experiência única”, garante, sublinhando que apesar de o trabalho ser “duro” tem “aprendido bastante”.
A presidente da Câmara de Tondela, Carla Antunes Borges, elogia o trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos últimos anos para estudar o Castro de Três Rios, defendendo que este é um monumento arqueológico “único no concelho” e que tem que ser ainda mais valorizado.
“Este é um projeto muito importante para o desenvolvimento socioeconómico da própria freguesia, valorizar aquilo que se tem. Dar valor ao passado, às origens do nosso território, permite-nos valorizar o futuro”, defende.
Já a presidente da Junta de Parada de Gonta, Sandra Santos, recorda que os campos internacionais decorrem há mais de 20 anos na freguesia, com o apoio das associações locais.
A autarca explica ainda que ao castro foi dado o nome de Três Rios por este “estar perto da confluência de três rios”, as ribeiras de Asnes e de Sasse e o rio Pavia.
“Este espaço alojou aqui um castro romano, temos aqui povos indígenas que foram romanizados”, adianta.
“Queremos valorizar e dar a conhecer o nosso o património porque pensamos que esse é o caminho para trazermos um desenvolvimento turístico e económico para a nossa região, para o concelho de Tondela, que é tão rico em termos arqueológicos”, argumenta.
O campo de trabalho internacional iniciou-se no passado dia 10 de julho e vai realizar-se em Parada de Gonta até sexta-feira (dia 21 de julho).