Um pano de linho, que conta toda a história do ciclo deste produto local que continua a ser recriado em Múceres, Castelões, ou papel artesanal com linho são alguns dos novos artefactos que cerca de duas dezenas de alunos da Universidade de Aveiro estão a desenvolver no âmbito do laboratório de design UA.LABDESIGN, que está a decorrer no concelho de Tondela há quatro dias. 

A iniciativa termina na manhã do próximo domingo, 23 de julho, dia em que serão apresentadas todas as ideias que foram pensadas pelos estudantes universitários para valorizar e dar nova vida a diferentes produtos artesanais do concelho, como é o caso do linho ou do burel. 

A presidente da Câmara de Tondela, Carla Antunes Borges, e o vice-presidente e vereador com o pelouro da cultura na autarquia, João Carlos Figueiredo, visitaram na manhã desta quinta-feira (20 de julho), duas das quatro oficinas que estão integradas no projeto. 

A aldeia de Múceres acolhe dois ateliês, um dedicado ao linho e outro ao digital. Já a Ribeira, em Campo de Besteiros, recebe um virado para a madeira e o Caramulo um focado no burel. 

Em todas as oficinas são exploradas ideias de design, inspiradas no espírito dos lugares e nas suas tradições, com vista ao desenvolvimento de uma nova geração de artefactos artesanais que cruzem a tradição com o olhar do design contemporâneo. 

Na opinião da presidente da Câmara Municipal, Carla Antunes Borges, este projeto é importante porque permite trazer para o território a academia e a inovação. 

“Queremos estar na linha da frente, ser os primeiros na inovação e associar a inovação às artes e ofícios é o garante para a manutenção de projetos como o do linho e do barro negro”, defende a autarca, acrescentando que o laboratório de design ajuda também a trazer jovens e a dar a conhecer o concelho e as suas mais valias e produtos endógenos a quem vem de fora. 

Carla Antunes Borges espera que após esta passagem por Terras de Besteiros as duas dezenas de alunos universitários de Aveiro se lembrem de Tondela e usem no seu trabalho futuro os produtos que o concelho tem a oferecer. 

Já o coordenador do laboratório, Nuno Dias, garante que os últimos dias têm sido de “trabalho intensivo” para os estudantes, que na sua maioria frequentam o 3º ano da licenciatura de design.  

“As expectativas são muito altas e estão a ser correspondidas. Estamos mesmo no meio do processo e posso dizer que tudo indica que está a ser um sucesso por causa do que vejo a acontecer e do entusiasmo das pessoas”, afirma. 

“Começo a ver o entusiasmo de eles querem continuar este tema e em alguns casos puderem continuar esses temas no mestrado. Isso era muito interessante porque garantia a continuidade [da investigação]”, acrescenta.  

O trabalho agora executado no terreno vai resultar num livro, de cariz científico, que além das conclusões do projeto vai conter depoimentos de alunos e dos elementos da comunidade que com eles se cruzaram. Será ainda lançado um documentário que mostrará tudo aquilo que foi feito no concelho de Tondela durante esta semana de trabalho de campo. 

Segundo Nuno Dias, o laboratório UA.LABDESIGN “tenta demonstrar que é possível ter as universidades nas aldeias e a trabalhar em rede”. 

O laboratório é uma organização conjunta da autarquia, AMACastelões, Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura (ID+) e Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, com o apoio das juntas de freguesias de Castelões, Campo de Besteiros e Guardão e a colaboração do Centro de Estudos e Interpretação da Serra do Caramulo (CEISCaramulo).