O passeio ribeirinho de Aeminium foi reaberto parcialmente à circulação pedonal esta manhã, cerca de quatro anos depois do encerramento para profundas obras de requalificação, que estão praticamente concluídas. Um investimento de cerca de 10 milhões de euros que aproxima a cidade do rio Mondego, num espaço amplo com 1,3 km de extensão dedicado exclusivamente à mobilidade pedonal e suave junto, que irá acolher em breve três espaços de restauração.
A empreitada de requalificação do espaço público na margem direita do rio Mondego, na cidade de Coimbra, está praticamente concluída e reabriu hoje parcialmente à circulação pedonal. Um investimento de 9.950.746,21 euros (IVA incluído), com uma comparticipação europeia de 85%, através do POSEUR, no âmbito do quadro comunitário Portugal 2020, assegurando o Município de Coimbra a contrapartida nacional (15%).
A obra, numa extensão total de 1,3km, incluiu a execução dos muros de contenção do Mondego e a requalificação das avenidas Cidade de Aeminium e Emídio Navarro nas faixas confinantes com o rio, trabalhos de terraplenagem e pavimentação, a reformulação das redes de saneamento, eletricidade e iluminação pública e a execução de trabalhos de sinalização rodoviária e de integração paisagística.
O projeto de arquitetura permitiu a definição de zonas de estar mais amplas e de uma relação mais próxima com o plano de água, nomeadamente a reformulação das antigas rampas de acesso ao rio. Prevê-se, também, a implantação de três espaços de restauração a colocar ao longo da margem, localizados em pontos estratégicos junto de futuras paragens do Metrobus e no alinhamento de arruamentos perpendiculares à avenida Fernão de Magalhães, o que irá permitir cargas e descargas sem que seja necessário circular na frente rio.
Fica excluído desta reabertura todo o espaço que inicialmente seria destinado à circulação automóvel e cuja pedonalização foi decidida após a nova constituição do executivo municipal. Assim, em dezembro de 2021, com uma execução financeira de cerca de 65%, o novo executivo decidiu alterar a empreitada em curso com o objetivo de compatibilizar o projeto com os futuros trabalhos nas infraestruturas do troço Portagem/Estação Coimbra A do Sistema de Mobilidade do Mondego, a cargo da Águas do Centro Litoral. Depois de analisadas várias hipóteses, a solução preconizada pelos serviços municipais passou pela supressão de trabalhos da empreitada, que se estimam em cerca de 447 mil euros. Esta opção vai permitir a disponibilização dos passeios da zona ribeirinha para fruição da população, assim que concluídos, mas irá implicar a manutenção do encerramento à circulação viária na Av. Cidade Aeminium.
A adaptação do projeto de integração urbana do Sistema de Mobilidade de Mondego Metrobus para este local está já a ser feita de modo a concretizar a pedonalização plena desta frente ribeirinha. Neste primeiro momento, o espaço a abrir à população coincide com o lancil que definia o que seria a via automóvel. Só após o término das obras de execução das infraestruturas da Águas do Centro Litoral e do Sistema de Mobilidade do Mondego é que a restante frente ribeirinha ficará acessível.
Já no passado mês de maio, a autarquia aprovou uma proposta final do estudo urbanístico para a frente de rio da margem direita, entre a Ponte de Santa Clara e o Açude-Ponte, após consulta pública. Recorde-se que este estudo prevê, no prolongamento da rua dos Oleiros, a possibilidade de uma nova ponte pedonal e ciclável sobre o Mondego. A mesma ponte prevê, ainda, dar resposta a uma futura expansão da rede do Sistema de Mobilidade do Mondego para a margem esquerda e zona sul do concelho, sendo que a “localização proposta para a ponte garante a sua integração na rede de metro sem alterar o seu funcionamento ou as estações atualmente previstas, garantido que essa ligação para sul se faça a partir de qualquer origem, exceto da Estação de Coimbra B”, pode ler-se na memória descritiva do projeto analisado inicialmente na reunião do executivo municipal de 07 de fevereiro de 2022. A ponte prevê uma faixa para o Metrobus e um só passeio do lado sul. “Contudo, se no futuro vier a revelar-se indispensável uma nova ligação rodoviária à cota baixa, isso poderá ser feito a partir da rua dos Oleiros”, é ainda assinalado no documento. Para esta marginal está prevista “uma relação serena com o rio, recorrendo a uma continuidade formal que deverá ser sublinhada ao nível dos materiais a utilizar, acentuando linhas de continuidade entre a Ponte Açude e o Largo da Portagem, pontuadas por alinhamentos de árvores”. Além da ciclovia, que percorre toda a extensão da marginal, prevê-se, também, a “possibilidade de acesso de veículos de emergência ou de caráter excecional, devendo ser essa faixa demarcada da forma mais ténue possível”.
Este estudo refere que, “à semelhança do que tem vindo a ser prática corrente em diversas cidades (tanto no país como a nível internacional), procurou-se nesta abordagem da frente de rio reforçar as suas ligações ao centro da cidade, privilegiando a sua requalificação para usos dominantemente pedonais (e cicláveis), procurando favorecer a presença de pessoas, a fruição urbana e o desfrute das margens para fins de desporto e lazer”. Posto isto, nos troços adjacentes à Estação Nova e à APA foi descartada a possibilidade de manter um sentido aberto ao tráfego na marginal. “No primeiro caso por manifesta falta de espaço numa zona onde os fluxos pedonais terão a maior importância, na ligação da marginal ao Largo da Portagem” e “no segundo caso por atrair à marginal e ao tabuleiro inferior da Ponte Açude, um nível de tráfego indesejável e incomportável”, justifica a memória descritiva desta fase prévia do estudo urbanístico para a frente de rio. Assim, este projeto prevê ter “apenas dois quarteirões abertos para o rio”, prevendo, assim, uma maior diversidade de percursos pedonais entre os arruamentos e as duas praças interiores, através da adoção de galerias. Será também possível estabelecer a ligação para norte da rua do Cais da Estação, propondo-se para isso uma correção do seu traçado de forma a reforçar o alinhamento dos edifícios entre as ruas dos Oleiros e do Arnado. Está ainda prevista uma ligação direta da rua Abel Dias Urbano à rua do Arnado, respeitando os alinhamentos existentes nas traseiras dos edifícios da Av. Fernão de Magalhães e o dos hotéis Vila Galé e Dona Inês permitindo, também aqui, criar uma pequena zona verde junto ao edifício da Ideal.
Recorde-se que as obras na margem direita do rio Mondego iniciaram-se em outubro de 2018. No entanto, o empreiteiro que inicialmente venceu o concurso público internacional para executar a obra, o consórcio Opway Engenharia S.A./Construtora do Infantado – Sociedade de Construções, Lda., não cumpriu com os prazos contratualmente previstos, apresentando em julho de 2019 já um atraso de 18 semanas relativamente ao plano de trabalhos, com apenas 2,59% executado. Esta situação levou a CM Coimbra a rescindir o contrato, tomar posse administrativa da obra e a aplicar sanções, lançando um novo procedimento para a conclusão da obra em outubro de 2019. Em março de 2020, o concurso ficou concluído e o júri propôs a adjudicação à empresa Alberto Couto Alves, S.A., tendo o executivo municipal aprovado a proposta, o contrato sido assinado a 13 de maio e a consignação sido realizada a 18 de agosto do mesmo ano, decorrendo sem contrariedades maiores desde então.