A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos considera muito grave as atuais circunstâncias do Serviço de Oftalmologia da Unidade Local de Saúde da Guarda – mais concretamente no Hospital Sousa Martins que está sem diretor de serviço desde fevereiro de 2020 – pedindo uma resposta com caráter de urgência ao Ministério da Saúde e à Administração Regional de Saúde do Centro.
De acordo com as informações mais recentes que a Ordem dos Médicos tomou conhecimento, há já milhares de doentes prejudicados sem consulta e sem cirurgia, alguns dos quais a enfrentar um impacto de forma irreversível. A título de exemplo, há mais de 250 doentes propostos para cirurgia (cataratas, glaucoma, pequena cirurgia, injeções intravítreas) que estão a aguardar, desde novembro de 2020, que as suas propostas cirúrgicas sejam introduzidas no sistema informático da ULS.
“É com profunda consternação e com preocupação pelos doentes do distrito da Guarda que a Ordem dos Médicos recebe as mais recentes informações referentes àquele serviço, considerando inqualificável a inércia do Conselho de Administração da ULS da Guarda que tinha prometido que o processo de nomeação do Diretor Clínico ficaria resolvido no início de dezembro”, denuncia o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).
Alerta Carlos Cortes: “É incompreensível que, perante o impacto devastador que a ausência de direção e organização do Serviço de Oftalmologia da ULS da Guarda está a ter nos doentes, o grave problema seja tratado desta forma. Não é médico o vogal do Conselho de Administração da ULS da Guarda que está a conduzir um eventual início do processo de atividades no bloco operatório com um prestador externo num serviço completamente desestruturado”.
De acordo com o site do Ministério da Saúde, existem neste momento 1188 utentes a aguardar triagem para consulta de oftalmologia no Hospital de Sousa Martins (Guarda) e 58 utentes no Hospital de Nossa Senhora da Assunção (Seia). Sem direção de serviço, os pedidos enviados pelos Cuidados de Saúde Primários vão-se acumulando sem a devida triagem e sem o tratamento que seria recomendado.
Considerando que a SRCOM já fez chegar a sua preocupação à tutela assim que tomou conhecimento dos problemas no ano passado e atendendo à gravidade dos factos de que teve recente conhecimento, a SRCOM vai desencadear um pedido de intervenção urgente junto do Colégio da Especialidade de Oftalmologia, assim como do Ministério da Saúde. “Se o Conselho de Administração é incapaz de nomear um diretor de serviço há 2 anos, então a situação tem de ser resolvida diretamente pela própria Ministra da Saúde”, conclui.