Procura das urgências em Portugal é mais do dobro da média da OCDE

As urgências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registaram quase 16 milhões de atendimentos entre 2022 e junho de 2024, uma procura elevada que é mais do dobro da média verificada nos países da OCDE, revelou esta terça-feira a Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

O estudo indica que, em 2023, Portugal apresentou um rácio de 64 episódios de urgência por 100 habitantes, enquanto a média da OCDE era de 26,6. As regiões do Alentejo e do Algarve destacam-se com rácios superiores à média nacional.

Entre 2022 e o primeiro semestre de 2024, a maioria das admissões ocorreu por autorreferenciação, embora se tenha registado um aumento da proporção de episódios referenciados pela Linha SNS 24, atingindo 11,4% em 2024, resultado da implementação do programa “Ligue antes, Salve Vidas”.

Quase metade das autorreferenciações (49,9%) foram classificadas como pouco urgentes ou não urgentes, valor semelhante ao das referenciações pela Linha SNS 24 (46,2%). A análise da triagem revelou que cerca de 85% dos episódios foram classificados como urgentes ou pouco urgentes, enquanto situações emergentes e muito urgentes se mantiveram estáveis em torno de 11%.

O estudo identificou ainda taxas de internamento elevadas em episódios triados como “brancos”, demonstrando que o serviço de urgência foi frequentemente usado como via de admissão hospitalar, e revelou inadaptação nos tempos-alvo de atendimento, sobretudo para casos de maior gravidade.

Em termos de cobertura, em 2024, 95,4% da população residia dentro de 60 minutos de uma urgência com atendimento geral e pediátrico, enquanto a cobertura para urgências obstétricas e ginecológicas atingia 93,9%.

No período analisado, o SNS contava com 89 serviços de urgência de diferentes níveis — básica, médico-cirúrgica e polivalente — e a ERS recebeu 56.013 reclamações, centradas em tempos de espera, qualidade dos cuidados e humanização do serviço.

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