Luís Miguel J., natural da Amadora, é apontado pelas autoridades brasileiras como o primeiro português a ingressar no Primeiro Comando da Capital (PCC), a mais poderosa organização criminosa da América Latina. Segundo a investigação da Polícia Federal brasileira, Luís Miguel J. foi “batizado” pelo PCC em 2018, enquanto cumpria pena de prisão por tentativa de homicídio numa penitenciária em Barcelona, Espanha.
O processo de ingresso no PCC é rigoroso e raro, especialmente para estrangeiros. Requer a validação por um membro já ativo na organização e envolve uma análise detalhada do passado, intenções futuras e até da preferência sexual do candidato.
A presença do PCC em Portugal já tinha sido confirmada em 2022, quando se identificou que pelo menos 42 membros da organização tinham residência fixa no país. Desde então, a Polícia Judiciária tem acompanhado a atuação do grupo em território nacional, com detenções de indivíduos ligados ao PCC e ao rival Comando Vermelho (CV). Entre os casos destacados estão os de Dilermando Lisboa Mello, Flávio Oliveira e Leonardo Serro dos Santos, todos suspeitos de manter ligações às organizações criminosas.
O PCC foi fundado em 1993, após o Massacre do Carandiru, em São Paulo, inicialmente como um sindicato de presos a lutar por melhores condições nas prisões. Com o tempo, expandiu-se para atividades criminosas externas, incluindo assaltos, sequestros e tráfico internacional de drogas. Atualmente, conta com cerca de 40 mil membros “batizados”, espalhados por países da América do Sul, África, Europa e Estados Unidos.
O líder histórico do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como “Marcola”, cumpre pena de 342 anos em prisão federal no Brasil e é apontado como responsável por diversas ondas de violência, incluindo os “Crimes de Maio” de 2006, que deixaram 564 mortos e 110 feridos em São Paulo. O PCC controla atualmente grande parte do tráfico de cocaína sul-americana com destino à América do Norte, Europa e Ásia.
