O Secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, destacou o “trabalho ciclópico” e a
“visão” do Município relativamente ao projeto de exploração vitivinícola numa parte da
AIGP da Travessa, que considerou “uma matriz” e um exemplo de “fazer diferente para
melhor”, podendo ser “inspirador para outros município e regiões”.


As declarações foram proferidas à margem da visita aos trabalhos de construção de
patamares para instalação de vinha, a decorrer junto à aldeia de trinhão, no concelho de
Pampilhosa da Serra, no culminar de uma visita de campo que no dia 4 de outubro deu a
conhecer a intervenção em áreas florestais sob gestão da empresa pública Florestgal,
nomeadamente nos baldios das freguesias de Pessegueiro e Pampilhosa da Serra.


“Mais do que construir uma vinha”, explicou o presidente da Câmara Municipal, Jorge
Custódio, o que se pretende é “criar vários mosaicos, rentabilizar o território e mostrar
que é possível transformar a floresta em agricultura ou através de outras espécies que
não seja só o pinheiro e o eucalipto”.


Referindo-se às exigentes etapas processuais e administrativas percorridas até as
máquinas entrarem no terreno, como o registo e emparcelamento de centenas de
parcelas de terreno, Rui Ladeira frisou que no final de contas este é um “trabalho
gratificante”, considerando-o uma referência de como devem funcionar as “sinergias
públicas”.

“A Florestgal – (entidade gestora da AIGP da Travessa) -, a cooperação do ICNF, o envolvimento do Município e de outras entidades e parceiros”, mostram que “é possível conjugar esforços e recursos, sejam eles europeus ou nacionais, em prol do interesse público e do interesse do território”, conciliando uma “abordagem de maior resiliência contra os incêndios, com uma maior produtividade e produtos que vão gerar riqueza”, completou.


No âmbito da visita de campo sob o mote “gestão de pinhal-bravo à escala da paisagem”, dinamizada pelo Centro PINUS e pela Florestgal, Jorge Custódio destacou o “trabalho significativo de reflorestação que tem acontecido nos baldios de Pampilhosa da Serra e Pessegueiro”, impulsionado pela entreajuda de “instituições do domínio público”.


“A Câmara Municipal, a Florestal e as duas Juntas de Freguesia, com uma articulação
muito forte com o ICNF, deram as mãos para iniciarmos este processo que concilia áreas
de reflorestação e de plantação com as redes primárias de proteção dos nossos
territórios”.

Contudo, o resultado desta união de esforços e vontades, expressou Jorge Custódio, “não
se consegue ver amanhã, mas o caminho já começou a ser feito”. “Só podemos projetar
o concelho se pensarmos nas próximas gerações e é isso que estamos a fazer”, concluiu.


A partilha de experiências sobre o aproveitamento da regeneração natural, as fontes de
financiamento público e a explicação de ações de DFCI – Defesa da Floresta Contra
Incêndios desenvolvidas nas áreas percorridas, foram outras das componentes em
destaque nesta visita de campo.