A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou pela primeira vez o uso de medicamentos da classe dos péptidos semelhantes ao glucagon-1 (GLP-1), como o semaglutido, liraglutido e dulaglutido, para o tratamento da obesidade em adultos. A medida surge no primeiro guia da OMS dedicado a estas terapias, que até agora eram usadas principalmente no tratamento da diabetes tipo 2.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a obesidade é uma doença crónica global, responsável por milhões de mortes, e deve ser abordada com cuidados abrangentes e contínuos. Embora os medicamentos não resolvam sozinhos a crise da obesidade, as terapias com GLP-1 podem ajudar milhões de pessoas a controlar o peso, reduzir o apetite e melhorar o metabolismo.
O guia da OMS propõe uma estratégia holística em três pilares:
- Criar ambientes mais saudáveis com políticas robustas;
- Proteger indivíduos de alto risco através de deteção e intervenção precoces;
- Garantir acesso a cuidados centrados na pessoa ao longo da vida.
Os medicamentos GLP-1 foram adicionados à lista de medicamentos essenciais da OMS, que inclui atualmente 532 terapias indispensáveis para sistemas de saúde básicos e universais. A organização defende ainda acesso universal e financeiramente acessível a estes tratamentos.
Apesar da recomendação, a OMS alerta que os dados sobre uso a longo prazo, manutenção e descontinuação ainda são limitados, pelo que a orientação é condicional. Em Portugal, estas terapias são comparticipadas pelo SNS apenas para doentes diabéticos, o que já gerou escassez de medicamentos para os diabéticos devido à procura pelo efeito na perda de peso.
Segundo a OMS, sem medidas eficazes, o número de pessoas com obesidade poderá duplicar até 2030, reforçando a necessidade de novas abordagens e tratamentos para enfrentar esta pandemia global.


