A Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista quebrou o silêncio e veio a público reagir às declarações de Liliana Pimentel, candidata independente à Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, que tem justificado a sua candidatura como resposta a alegadas condutas impróprias por parte do PS, nomeadamente o recurso ao processo de avocação da escolha de candidatos. A Federação, no entanto, atribui a responsabilidade do sucedido exclusivamente à própria Liliana Pimentel, desmentindo qualquer narrativa de vitimização.
Segundo o comunicado emitido pela estrutura distrital, o processo de avocação apenas foi desencadeado depois de terem sido detetadas graves irregularidades na inscrição de novos militantes para as eleições internas da Concelhia de Condeixa. Em causa está a entrada de 234 novas fichas de militantes, cuja aprovação não passou pelos trâmites legais exigidos pelos Estatutos do PS. A Federação afirma que tais inscrições foram promovidas por Liliana Pimentel, com o apoio de Daniel Antão, então vice-presidente da Federação, com o objetivo de garantir a vitória nas eleições internas.
A ilegalidade do processo, segundo o PS, baseia-se no facto de as fichas terem sido dadas como aprovadas com base em reuniões de Secretariado que, afinal, não se realizaram. As datas indicadas – dezembro de 2023 e fevereiro de 2024 – coincidiram com momentos em que o partido se encontrava em pleno processo eleitoral interno e legislativo, o que inviabilizava a realização dessas reuniões. Para além disso, várias fichas apresentavam datas de preenchimento posteriores em dois meses às datas da sua alegada aprovação.
Face à gravidade dos factos, foi instaurado um processo disciplinar a Daniel Antão, que culminou na sua suspensão como militante por um ano. Paralelamente, decorre um processo-crime contra o ex-dirigente, por alegada aprovação ilegal das inscrições.
A Federação revelou ainda que cerca de 200 dos 234 novos militantes já pediram a sua demissão, o que, segundo o comunicado, comprova o caráter instrumental destas adesões, utilizadas apenas para garantir uma vantagem eleitoral. Liliana Pimentel venceu por apenas 35 votos, e a legalidade dessas eleições continua sob apreciação do Tribunal Constitucional, através de ações de impugnação ainda em curso.
A estrutura distrital afirma que, perante a ausência de condições para uma liderança legítima e face à recusa de soluções consensuais por parte de Liliana Pimentel, não restou alternativa senão avocar o processo de escolha de candidatos. Sublinha ainda que o PS em Condeixa se encontrava profundamente dividido, o que tornava impossível uma solução estável com base numa liderança “nascida de um processo viciado”.
A Federação termina o comunicado reiterando o seu compromisso com a legalidade, a ética política e o serviço público, garantindo que continuará vigilante face a qualquer tentativa de instrumentalização do partido para fins pessoais. Deixa ainda claro que o Partido Socialista não pode ser confundido com ambições individuais nem usado como veículo de afirmação pessoal, reafirmando o seu papel ao serviço da população de Condeixa, da democracia e do país.