Inspeção-Geral da Educação investiga amputação de dedos de aluno em Cinfães

A Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) abriu um processo de averiguações para esclarecer as circunstâncias em que um aluno de nove anos, da escola de Fonte Coberta, em Cinfães, Viseu, perdeu as pontas de dois dedos dentro das instalações escolares.

A informação foi confirmada pelo Ministério da Educação, que revelou ter sido o diretor-geral da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares a solicitar a intervenção da IGEC, após o alerta dado pela direção do Agrupamento de Escolas de Souselo.

O caso remonta à passada segunda-feira, quando o aluno acabou por sofrer amputações ao ficar com os dedos entalados na porta da casa de banho, alegadamente fechada por duas outras crianças. A mãe da vítima, Nivia Estevam, denunciou o episódio nas redes sociais, garantindo que o filho ficou impedido de pedir ajuda e que, já ferido, “teve de se arrastar por baixo da porta”.

O menino foi assistido de imediato e transportado para o Hospital de São João, no Porto, onde foi submetido a uma cirurgia de três horas. A progenitora afirma que a criança ficará com “sequelas físicas e psicológicas” e critica a atuação da escola, que, diz, “limpou todo o local” antes da chegada das autoridades.

A mãe acusa ainda o estabelecimento de ensino de não ter reagido a queixas anteriores de alegadas agressões, incluindo “puxões de cabelo, pontapés e enforcamento”, apontando para um cenário de bullying continuado.

O diretor do agrupamento, Carlos Silveira, confirmou apenas a abertura de um inquérito interno, recusando prestar mais esclarecimentos enquanto decorrem diligências, mas garantiu que “os socorros foram prontamente chamados” e que foram ativados os procedimentos normais. Recordou ainda que, em Cinfães, não existe PSP, sendo a GNR acionada pelo INEM sempre que a gravidade da ocorrência o justifica.

Entretanto, o pedido de ajuda pública da família mobilizou um grupo de 15 advogados que assumirá gratuitamente a representação da criança. Segundo a advogada Catarina Zuccaro, será apresentada queixa ao Ministério Público e avançados processos nas vertentes administrativa, cível e de responsabilidade da escola. A componente criminal será igualmente analisada, apesar de envolver menores de idade.

As investigações da IGEC e do agrupamento escolar prosseguem para apurar responsabilidades e determinar eventuais falhas nos mecanismos de vigilância e proteção dos alunos.

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