O influenciador digital brasileiro Hytalo Santos, de 27 anos, permanece detido desde agosto deste ano, enquanto correm várias investigações judiciais relacionadas com a alegada exploração de menores, tráfico de pessoas e fraude em sorteios online. O caso, que ganhou grande notoriedade após denúncias públicas, continua a ser analisado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, sem sentença definitiva até ao momento.
Hytalo Santos, conhecido por vídeos de dança e pelo convívio com jovens apresentados como “filhos” e “genros” nas redes sociais, foi detido a 15 de agosto numa casa em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, juntamente com o marido, Israel Nata Vicente. A prisão foi decretada pela 2.ª Vara da Comarca de Bayeux, na Paraíba, no âmbito de uma investigação que apura indícios de exploração e exposição indevida de crianças e adolescentes em conteúdos digitais.
A investigação, conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e apoiada por órgãos de São Paulo, aponta para a “adultização” de menores em publicações nas redes, consideradas potencialmente abusivas e lucrativas. Foram também apreendidos dispositivos eletrónicos e bloqueadas as contas de Hytalo, que está proibido de contactar menores ou de produzir conteúdos com a participação de crianças e adolescentes.
Em paralelo, o influenciador foi condenado, a 25 de agosto, por divulgação enganosa de um sorteio online, num processo que tramita no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A sentença obriga ao pagamento de uma indemnização de cinco mil reais (cerca de 850 euros) a uma seguidora.
De acordo com a revista Veja, Hytalo acumulava mais de 350 mil reais em dívidas e mantinha um padrão de vida luxuoso antes da prisão. A defesa afirma que o influenciador é inocente e que colaborará com as autoridades para esclarecer os factos.
Os processos principais relativos às acusações de exploração de menores e tráfico de pessoas permanecem na fase de instrução, com o Ministério Público a aguardar os resultados das perícias aos equipamentos apreendidos e dos depoimentos de eventuais vítimas.
Entretanto, o influenciador digital Felca, que havia sido apontado por Hytalo como uma das pessoas envolvidas numa alegada rede de difamação contra si, foi ouvido pelas autoridades e prestou depoimento sobre o caso. Felca negou qualquer envolvimento em ataques ou perseguição ao colega e declarou que apenas comentou o assunto publicamente após as denúncias se tornarem de conhecimento geral.
O caso tem gerado ampla discussão no Brasil sobre a responsabilidade de criadores de conteúdo que envolvem menores nas redes sociais e sobre a necessidade de regulamentação mais rigorosa nesse tipo de produção digital.