Joaquín Guzmán López, filho do célebre traficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán, declarou-se culpado na segunda-feira, durante uma audiência em Chicago, por tráfico de droga e participação numa organização criminosa. O acordo de delação premiada, consultado pela agência France-Presse, prevê que o acusado enfrente uma pena mínima de dez anos de prisão pela participação na estrutura criminosa.
No que diz respeito ao crime de tráfico de droga — que poderia resultar numa pena de prisão perpétua — os procuradores admitem que o juiz possa aplicar uma redução da pena, caso sejam cumpridos os termos do acordo.
Em troca, Guzmán López comprometeu-se a colaborar “plena e sinceramente” com o sistema judicial norte-americano, fornecendo informações e testemunhos “completos e verídicos” sempre que solicitado.
Outro filho já se tinha declarado culpado
Em julho, Ovidio Guzmán, também filho de El Chapo, declarou-se culpado perante um tribunal de Chicago em quatro acusações de tráfico de droga, evitando assim o julgamento. Os dois irmãos, juntamente com outros dois ainda em fuga, são acusados de terem assumido as operações do pai no cartel de Sinaloa.
El Chapo, de 68 anos, cumpre atualmente pena de prisão perpétua numa prisão de segurança máxima no Colorado, nos Estados Unidos.
Segundo o Departamento de Justiça norte-americano, os irmãos Guzmán controlavam 11 laboratórios em Sinaloa, responsáveis pela produção de cerca de 2.300 quilos de metanfetaminas por mês, destinados sobretudo a membros do cartel. Washington acusa ainda o grupo de tráfico de fentanil para os EUA, substância sintética que tem provocado dezenas de milhares de mortes e intensificado as tensões com o México.
Além disso, a acusação detalha o transporte de toneladas de cocaína através da América Central e do Sul até território norte-americano, bem como o suborno de funcionários públicos e a prática de crimes violentos, incluindo assassínios, raptos e agressões.
Guzmán López, de 39 anos, foi detido em julho de 2024 no Texas, após aterrar num pequeno avião privado acompanhado de Ismael “Mayo” Zambada, cofundador do cartel. Zambada afirmou ter sido enganado e raptado pelo próprio Guzmán López para ser levado contra a sua vontade para os Estados Unidos, acabando também por declarar-se culpado perante a justiça norte-americana.
As detenções agravaram o conflito entre as fações rivais do cartel — a dos irmãos Guzmán e a de Zambada — resultando, segundo dados oficiais, em 1.200 mortes e 1.400 desaparecimentos no México.
