O atleta de ‘trail’ Armando Teixeira vai correr durante 24 horas um trilho da Serra da Lousã que passa pela encosta afetada por um recente corte raso de árvores, numa iniciativa para promover a reflorestação, foi hoje anunciado.

O evento irá decorrer entre as 11:00 de sábado e as 11:00 de domingo, percorrendo um trilho de oito quilómetros, que sobe mil metros em altura, entre o Castelo da Lousã e o Trevim, passando pela encosta que sofreu recentemente um corte raso de árvores, criticado por associações ambientalistas, anunciou hoje a organização da iniciativa.

Na nota de imprensa enviada à agência Lusa, a organização realça que esse corte levou ao abate de mais de cinco mil árvores numa área de sete hectares, salientando que é “urgente travar este atentado ecológico e paisagístico”.

Num evento apoiado pela Câmara da Lousã, Armando Teixeira vai estar “a subir e a descer” o trilho durante 24 horas, procurando “estabelecer a distância mais rápida conhecida do percurso”, nesse período de tempo.

“Sou um apaixonado pela montanha, pela serra e também pelo ambiente e pela sustentabilidade. Quando nos deparámos com as notícias sobre o corte de árvores na Serra da Lousã, que é um local que frequentemente usamos, surgiu esta ideia”, disse à agência Lusa o atleta.

Nesse sentido, o evento criou um ‘site’ oficial (www.kmvertical.pt), em que as pessoas poderão “comprar um quilómetro para o Armando percorrer”, ajudando à compra de árvores autóctones que serão plantadas numa ação de reflorestação, prevista já para 23 de novembro, referiu.

Cada quilómetro vale uma árvore e cada árvore terá o custo de um euro, explicou o atleta.

Ao longo das 24 horas, as pessoas são também desafiadas a acompanhar o atleta “durante uma, duas, três horas”, referiu.

“Quero tentar fazer o máximo de distância possível nas 24 horas. Irei fazer algumas pausas, mas a ideia será parar o menos possível. Se estiver parado 30 ou 40 minutos é muito”, salientou Armando Teixeira.

Segundo o atleta, no percurso, é visível o corte raso de árvores que aconteceu recentemente, esperando que o evento também permita alertar para os problemas na falta de fiscalização e gestão da floresta.

“Queremos alertar as entidades. Não estamos contra empresas, nem contra madeireiros, mas é preciso de falar de abates feitos sem critério, sem equilíbrio e sem pensar na sustentabilidade. Ali, não é só o impacto visual. Haverá impactos na fauna, na flora e na erosão dos solos”, vincou.

O evento conta ainda com o apoio da Silveira Tech e do Montanha Clube, tendo sido autorizado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

No final de outubro, sete associações ambientalistas criticaram num comunicado conjunto os cortes rasos de árvores feitos na Serra da Lousã, considerando que são “reveladores de problemas crónicos de conservação da natureza” no país.

A Câmara da Lousã já apresentou queixa-crime no Ministério Público contra a empresa sediada em Góis responsável pelo abate, por considerar que procedeu ao corte ilegal de árvores municipais na aldeia da Silveira, em plena Serra da Lousã, numa zona da Rede Natura 2000.