Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) desenvolveram um projeto para uma nova geração de baterias que poderão ser mais seguras e ter maior durabilidade, além de democratizar a eletricidade, anunciou hoje a academia.
Numa nota de imprensa, a UC explicou que o objetivo do projeto, de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia, “passou por encontrar materiais que pudessem ajudar a desenvolver uma nova geração de baterias e proporcionar avanços em relação ao aumento da segurança (mais estáveis e não inflamáveis) e de durabilidade de futuras baterias pós-lítio”.
“A questão das baterias atuais é serem de lítio, um recurso finito considerado pela União Europeia como matéria-prima crítica e que está distribuído de forma muito desequilibrada pelo mundo”, afirmou o coordenador do projeto, João Vareda, citado na nota de imprensa.
Segundo João Vareda, “alguns países beneficiam da exploração do lítio, enquanto outros estão à mercê”, notando existir “um esforço global para diminuir esta dependência, mas também a utilização de certos materiais, como o cobalto, que é um metal cuja exploração está associada à violação dos Direitos Humanos”.
O investigador do Departamento de Engenharia Química sustentou que “as baterias de sódio podem ser a solução para a substituição do lítio, pois existe em todo o mundo e tem um preço muito acessível”, além de que “já permitiriam substituir alguns daqueles metais que são problemáticos”.
Segundo a nota de imprensa, o projeto, denominado “Silica-Polymer Composite Aerogels As Solid Sodium Electrolytes (AeroNaLyte)”, com o propósito de dar mais um passo para um futuro mais verde, “focou-se na criação de aerogéis compósitos de sílica e polímero, usando materiais biocompatíveis e solventes verdes, como eletrólitos sólidos, para uma possível nova geração de baterias, bem como em testar a funcionalidade desta abordagem e a sua aplicação”.
“Os resultados são muito positivos e promissores, mas é necessário trabalho futuro para concretizar o potencial desta estratégia”, sustentou a UC.
Ainda de acordo com a UC, outras das razões que levaram o investigador a pensar na utilização dos aerogéis nas baterias prenderam-se com “os problemas de segurança das baterias de lítio atuais, devido à sua inflamabilidade, e dificuldade ou quase impossibilidade de reciclagem”, referindo também “os problemas causados pela extração dos metais, nomeadamente, no que se refere a questões ambientais e sociais”.
Para o coordenador do projeto, a criação desta nova geração de baterias pode “permitir a chegada de eletricidade a locais onde ainda não existe”.
“Se calhar, não vão conseguir ter uma rede elétrica como a nossa, mas a acumulação da energia elétrica em baterias vai ser muito importante para democratizar a eletricidade a todo o mundo”, considerou João Vareda, acreditando que, estar-se “a contribuir para a possibilidade de todo o mundo dispor de rede elétrica, certamente, vai ter impacto social, ambiental e económico”.
O projeto “AeroNaLyte” foi um dos vencedores da 4.ª edição dos Prémios Semente de Investigação Científica Interdisciplinar da Universidade de Coimbra.