A ministra da Justiça inaugurou hoje a requalificação das instalações da PJ na Guarda, uma intervenção que a governante disse pôr cobro a 20 anos de “resiliência” e que o diretor nacional da PJ considerou ter reparado “uma desgraça”.

“Este momento assume uma dimensão simbólica, porque encerra um ciclo de mais de 20 anos ao longo dos quais a Polícia Judiciária viu testada a sua resiliência e também a sua determinação”, sublinhou hoje de manhã a ministra Catarina Sarmento e Castro.

A governante considerou fundamental o investimento de mais de 1,5 milhões de euros para dar condições de trabalho aos seus profissionais e às pessoas que recebe.

A ministra da Justiça realçou que as obras na Guarda são as primeiras de um planeamento de investimentos para realizar em vários pontos do país.

“Temos obra em Faro, em Braga, Vila Real, Évora e a começar noutros locais”. A governante realçou que o investimento na PJ é fundamental para a “aposta deste governo no combate ao crime”.

“Isso só se consegue se houver mais meios humanos e também valorização dos espaços”, sustentou a ministra.

Inaugurado em 2004, o edifício da Polícia Judiciária – Departamento de Investigação Criminal (DIC) da Guarda apresentou desde sempre “defeitos de construção”, como foi assinalado nas várias intervenções na cerimónia de inauguração.

“Em 2004, foi uma desgraça. O que aconteceu aqui foi um crime. No dia da inauguração chovia tanto cá dentro, como lá fora. Erros gravíssimos, deficiências de construção”, apontou Luís Neves, diretor nacional da PJ.

O responsável diz que “ninguém quis saber do que aqui se passava e não foram acionadas as devidas responsabilidades e o Estado acabou por arcar com o prejuízo”.

Luís Neves sublinhou aos jornalistas que o que se passou na Guarda “não pode voltar a acontecer”.

“Garanto que connosco na instituição nenhum construtor fará o que aqui sucedeu”, disse, em forma de aviso, lembrando os investimentos planeados pela tutela.

O processo para as obras de requalificação e ampliação inauguradas hoje foi iniciado em 2019, como explicou José Monteiro, responsável pelo DIC da Guarda.

O primeiro objetivo da intervenção foi “estancar as infiltrações e impermeabilizar o edifício na sua globalidade”, descreveu José Monteiro. Procedeu-se ao isolamento térmico do imóvel e à recuperação integral dos danos e foram construídos mais 14 gabinetes, um auditório, um espaço para ginásio e mais cinco quartos para acolher funcionários. As instalações passaram ainda a dispor de um espaço multiusos para refeitório e convívio.

A equipa do DIC da Guarda é atualmente composta por 21 inspetores, com a perspetiva de em breve poderem ser 30 a 35 elementos, “o que seria um número excelente”, reconheceu José Monteiro.

Há nove funcionários de investigação do antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em formação e em fevereiro deverão juntar-se mais elementos que estão a frequentar a formação interna.