O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitou, esta terça-feira, comentar a entrevista de António Costa, emitida ontem na CNN Portugal.

“Tenho um princípio, que é nunca comentar as palavras do primeiro-ministro”, referiu o chefe de Estado quando questionado sobre a entrevista de António Costa.

“O primeiro-ministro várias vezes, ao longo de oito anos, disse as posições do Governo acerca do Presidente da República. Entendi sempre que o Presidente da República não deve comentar o primeiro-ministro”, reforçou, perante a insistência dos jornalistas em obter uma reação às declarações de Costa.

Recorde-se que após a saída de Costa, havia uma solução alternativa, defendida pelo agora primeiro-ministro de gestão. A solução incluía o nome de Mário Centeno para seu sucessor, sem necessidade de eleições antecipadas. Marcelo rejeitou esta solução, sublinhando mesmo que o fez a “título pessoal” – não tendo o Conselho de Estado apoiado a dissolução da Assembleia da República. Na entrevista à CNN Portugal, Costa defendeu que Marcelo “errou”, justificando: “Não conheço nenhum manual de Direito Constitucional que legitime a ideia de que quando o primeiro-ministro sai, por muito que tenha contribuído ele próprio para o resultado eleitoral, isso determina a dissolução da Assembleia”.

Costa apontou mesmo, durante o espaço televisivo, que  “foi uma teorização que o próprio Presidente da República fez logo na tomada de posse do Governo – na altura disse-lhe que não concordava com essa interpretação”. 

Questionado sobre estas questões, Marcelo reforçou: “É uma intervenção do primeiro-ministro”. “Primeiro-ministro está em funções, vai estar em funções ainda uns meses e, portanto, diz o que pensa, porque pensa, como pensa. E o Presidente da República respeita o pensamento do primeiro-ministro, mas não comenta”, rematou.

Em entrevista, Costa falou ainda sobre a Procuradoria-Geral da República, dos principais candidatos à liderança do Partido Socialista do Serviço Nacional de Saúde, e de outros temas fraturantes.

Após a entrevista, as reações não demoraram a chegar, tendo o momento televisivo sido apontando como “um choro de despedida” de Costa, entre outras reações.