Uma testemunha com identificação ocultada contou ontem ao Tribunal de Coimbra que assistiu às agressões que levaram à morte de um homem na Figueira da Foz, em agosto do ano passado, identificando alguns dos cinco arguidos.

O Tribunal de Coimbra começou ontem a julgar um pai e três filhos da Figueira da Foz, que estão acusados de matar um homem e esconder o corpo, em 2022, sendo ainda acusado um outro filho por omissão de auxílio.

Pai e três dos seus filhos respondem por um crime de homicídio qualificado e um crime de profanação de cadáver, enquanto outro filho é acusado de omissão de auxílio e detenção de arma proibida.

Durante a primeira sessão do julgamento, a defesa solicitou que as duas testemunhas de identificação ocultada, que estavam convocadas para o dia de ontem, fossem ouvidas presencialmente.

No entanto, o coletivo de juízes decidiu manter a sua audição por teleconferência, com voz e imagem distorcidas, por “motivos de segurança ligados à vida e não só à sua integridade física”.

O depoimento por teleconferência ocorreu em edifício público, sendo acompanhado por um juiz nomeado para o efeito, a quem coube identificar e ajuramentar as duas testemunhas, bem como zelar para que as suas identidades não fossem reveladas.

Depois de uma primeira testemunha ter indicado que reconheceu “a carrinha maior” do arguido mais velho e de ter dito que viu dois homens mais novos colocarem a vítima de 32 anos na viatura, a segunda testemunha, também ela com identificação ocultada, relatou com maior pormenor as agressões a que assistiu, do local onde se encontrava.

Ao Tribunal de Coimbra referiu que viu dois indivíduos mais jovens a agarrarem a vítima e a colocarem-no na carrinha, da qual tentou escapar, por duas vezes.

Ao cair no chão, depois da sua segunda tentativa de fuga, o homem terá gritado por ajuda e pedido para chamarem a polícia, sendo nesta altura agredido a murro e a pontapé pelos dois jovens.

De acordo com a testemunha, posteriormente terá saído da carrinha, da parte atrás do condutor que identificou como sendo o pai e dono do veículo, um dos seus filhos que lhe terá batido com um pau.

Disse ainda que outro filho, que levava consigo um taco de beisebol, também se aproximou da carrinha, sem que, no entanto, o tenha agredido.

A vítima, “que já não gritava” e “não se debatia como antes”, acabou por ser novamente colocada na carrinha, tendo esta finalmente arrancado com o condutor e outros três homens.

Durante o dia de ontem foram também ouvidos três inspetores da Polícia Judiciária (PJ) da Diretoria do Centro, que participaram na investigação e na detenção dos suspeitos.

Já os cinco arguidos, quatro deles em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional do Porto, optaram por não prestar declarações nesta fase do julgamento.

Ainda relacionado com este homicídio, em outubro deste ano, foi detido mais um filho do arguido mais velho, sendo, também ele, suspeito da prática de um crime de homicídio qualificado e de profanação de cadáver.

O julgamento prossegue a 23 de novembro.