Ao longo de junho, a Oficina Municipal de Teatro (OMT) irá acolher uma oficina do Teatro Nacional D. Maria II, um espetáculo e oficina da companhia sevilhana Homero Teatro e um laboratório em parceria com a Bengala Mágica, o MEF – Movimento de Expressão Fotográfica, a Vo’Arte e a Terra Amarela. Estas atividades inscrevem-se num discurso mais alargado sobre a acessibilidade cultural e a necessidade, por um lado, de normalizar estas práticas artísticas através de uma programação mais frequente e que traga franjas segregadas do contexto cultural de volta para o teatro e, por outro, de ter uma discussão sobre qual a melhor forma de realizar este trabalho de inclusão e reconexão.
No âmbito do programa Nexos da Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II, entre os dias 12 e 16 de junho acolhemos “Mãos a dentro”, uma Oficina de Formação Teatral ministrada por Marco Paiva e coordenada pela Terra Amarela. Esta oficia é dirigida a artistas com e sem deficiência e Surdos com interesse pelas artes performativas. As sessões serão acompanhadas por intérprete de Língua Gestual Portuguesa e será utilizado o sistema de legendagem simultânea Web Captioner. Mais informações podem ser consultadas no evento de Facebook, em https://fb.me/e/15Nj7OfR4. A inscrição é gratuita e está aberta até dia 5 de junho, através do formulário: https://bit.ly/MaosADentro.

No dia 18 de junho, às 21h30, vamos receber a companhia Homero Teatro, vinda de Sevilha, que traz um dos maiores nomes do teatro da segunda metade do século XX para o presente com uma interpretação por atores com deficiência visual. “La Clase Muerta” parte do texto original de Tadeusz Kantor (“Umarła klasa”, no título polaco original)e apresenta-nos uma turma composta por idosos que se agarram às memórias da sua juventude, numa tentativa exasperante de reviver tudo o que já foram. Kantor impõe-se como o mestre de uma ladainha absurda que os patéticos alunos repetem ou esquecem numa espiral infinita. A peça trata da passagem do tempo, aborda a morte e a crueldade de uma infância particular, com fantasmas carnais que brilham com pinceladas de humor e emoção no meio da escuridão. Constrói-se assim o Teatro da Morte, tal como este foi criado e teorizado pelo autor polaco. “Umarła klasa” é umdos textos mais bem-sucedidos de Kantor, tendo já sido representado mais de 1500 vezes pelo mundo fora e sendo considerado, em 1976, como a melhor peça de sempre pela Newsweek.
Os bilhetes para o espetáculo estão disponíveis para reserva na OMT ou através de info@oteatrao.com, 912 511 302 e 239 714 013.

Já no dia seguinte, entre as 10h e as 13h, Gonzalo Validiez irá coordenar «Actuar “con” lo Genuino», uma oficina para pessoas, com e sem deficiência, que tenham interesse em interpretação teatral. Durante estas três horas, o diretor da companhia Homero propõe uma exploração do tempo presente. Ao entrar na experimentação da performance, os participantes vão poder estabelecer relações com o seu ambiente e com o seu corpo numa dimensão diferente da quotidiana. Através de práticas concretas, vai procurar-se o contacto com o próprio corpo, com o espaço, com o outro, com o que não está lá, com a palavra, com o silêncio e com todos os elementos do fazer teatral. Gonzalo Validiez pede que “mergulhemos totalmente nestas práticas para deixarmos livre tudo o que é genuíno em nós”, sempre a partir do terreno fértil do jogo e da fruição. A inscrição tem um valor de 10€ e está aberta até 14 de junho, através do link https://bit.ly/ActuarConLoGenuino
Nos dias 23 e 26 de junho, entre as 9h45 e as 16h30, este programa fica completo com uma atividade do projeto A Meu Ver. O Laboratório Acessibilidade às Práticas Artísticas da Comunidade com Deficiência Visual é uma parceria entre o Teatrão e a Bengala Mágica, o MEF – Movimento de Expressão Fotográfica, a Vo’Arte e a Terra Amarela criada no âmbito das Iniciativas Conjuntas de Aprendizagem e Circulação do PARTIS & Art for Change (programa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação “la Caixa” que financia todos estes projetos parceiros, que também se dedicam à promoção da acessibilidade às artes da comunidade com deficiência visual). Este laboratório procura potenciar a discussão e adoção de boas práticas e metodologias nos projetos artísticos que envolvem indivíduos com deficiência visual. Nestas sessões que iremos acolher, serão realizadas apresentações e masterclasses pelas equipas dos projetos PARTIS e PARTIS & Art for Change e por artistas cegos reputados pela sua atividade na música e dança. No dia 23 de junho, recebemos Adrián Rincón, o primeiro maestro cego da Escola Superior de Música da Catalunha. Já no dia 26, contamos com a presença do bailarino marroquino Said Gharbi, que reside e trabalha em Bruxelas há vários anos.
Complementa-se desta forma a restante programação que, no teatro, irá passar pelas apresentações de mais uma residência NOVe da Cem Palcos, “Já Morri Mais Vezes do Que Aquilo Que Devia” da companhia Krisálida, “Noites Brancas” de Dostoievski, numa adaptação do Teatro Art’Imagem, e “Corpo Pequenino, Olhos de Gigante”, um espetáculo para a infância do Teatro Estúdio Fontenova. Pela Tabacaria, irá passar a música de Duarte Ventura Trio e Baleia Baleia Baleia.

Relembramos que os bilhetes para “O Senhor Biedermann e os Incendiários” estão à venda na OMT ou online através de https://bit.ly/SenhorBiedermann