O Presidente da República concorda, não só com a alteração do prazo de prescrição dos crimes de abuso sexual em Portugal, mas também com mudanças que agilizem a investigação e a atuação da Justiça.
A informação foi adiantada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais de menores na igreja católica, após ter sido recebido pelo Chefe de Estado, a quem entregou uma cópia do relatório divulgado esta segunda-feira:
De recordar que foram validados mais de 500 testemunhos, sendo que 25 casos seguiram para o Ministério Público.
No mínimo, quase cinco mil crianças foram vítimas de abusos sexuais. Em entrevista à RTP, Pedro Strecht admite que, apesar de a maioria das denúncias ser referente às décadas de 1960 a 1990, a Igreja pode ainda estar a ocultar alguns casos:
À SIC Notícias, o coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, adiantou que há mais de 100 padres acusados de abusos sexuais no ativo:
Numa primeira reação ao relatório, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, pediu desculpa às vítimas e garantiu que os abusadores, caso se comprove a sua culpa, não têm lugar na Igreja:
José Ornelas reconhece que o relatório é o início de uma mudança interna e promete seguir a recomendação do Vaticano para acabar com a cultura do silêncio.
A partir de agora, todos os casos de abusos vão ser comunicados às autoridades competentes. Para 3 de março, está já convocada uma assembleia plenária extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa, tendo em vista analisar o relatório da Comissão Independente.
O Bispo de Leiria-Fátima considera, ainda, que a questão dos abusos sexuais no seio da Igreja deve ser um dos temas da Jornada Mundial da Juventude, que decorre este ano na primeira semana de Agosto, em Lisboa.