Três meses após o acidente no elevador da Glória, em Lisboa, que causou 16 mortos e mais de 20 feridos, continuam em curso as vistorias técnicas a todos os ascensores e funiculares da cidade, bem como os processos de apoio às vítimas e às suas famílias.
Na sequência da tragédia de 3 de setembro, a Câmara de Lisboa, presidida por Carlos Moedas (PSD), suspendeu imediatamente o funcionamento dos ascensores da Bica e do Lavra e do funicular da Graça, nomeando uma comissão técnica independente para avaliar as condições de funcionamento de todos os equipamentos da cidade. Segundo a autarquia, “as vistorias técnicas e o estudo das condições de funcionamento em segurança estão em curso”, e o calendário para a reabertura será definido após a conclusão dos relatórios.
A Carris, empresa municipal responsável pelo elevador da Glória, está a ser alvo de inquérito interno e auditoria externa, esta última adjudicada ao Centro CATIM Projetos, especializado no setor. Entretanto, a Câmara não esclareceu questões sobre a criação de um fundo municipal de apoio às vítimas ou sobre a externalização dos serviços de manutenção.
A seguradora Fidelidade, com capital de 50 milhões de euros contratado com a Carris, assegura apoio contínuo às vítimas, familiares e tratamentos médicos necessários, incluindo transladações, serviços fúnebres e despesas não cobertas por outros seguros. O cálculo das indemnizações leva em conta fatores individuais, como idade, rendimentos e situação familiar das vítimas.
A demissão do conselho de administração da Carris, liderado por Pedro de Brito Bogas, ocorreu a 22 de outubro, na sequência de um relatório preliminar do GPIAAF que apontou falhas graves na manutenção do elevador da Glória, nomeadamente um cabo não certificado para transporte de pessoas. A nova administração será formalizada nas próximas semanas, estando prevista uma solução de transição até ao final de dezembro, conforme informou o vice-presidente da Câmara, Gonçalo Reis.


