Entre 2010 e 2025, a Polícia Judiciária (PJ) contabilizou 66 crianças assassinadas em Portugal, sendo 26 recém-nascidos, segundo dados preliminares de um estudo conduzido pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC) em parceria com a PJ. Os resultados foram apresentados na conferência “Cuidar e Proteger: Prevenir a Violência sobre as Crianças”, realizada esta terça-feira em Lisboa.
De acordo com Fernanda Salvaterra, coordenadora do estudo:
- 40% das crianças mortas eram recém-nascidas.
- 30% tinham menos de três anos.
- A mãe foi autora em 64% dos casos, o pai em 12%, ambos os progenitores em 9%, e outros familiares ou combinações nos restantes.
No caso dos recém-nascidos, 92% dos incidentes ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo. Dos 11 casos analisados através de acórdãos, todas as gravidezes foram não desejadas e ocultadas, com as mães sentindo falta de apoio familiar ou social, e muitos progenitores ausentes ou ignorando a gravidez.
A investigadora destacou a importância de educação sexual precoce e planeamento familiar como medidas preventivas. O estudo pretende identificar fatores comuns que possam ser sinais de alerta para evitar tragédias futuras e deverá ser concluído em 2026, com informações ainda a serem recolhidas de cerca de 30% dos casos já identificados.
Fernanda Salvaterra sublinhou a necessidade de empatia e atenção por parte de famílias, escolas e serviços de saúde, para detectar situações de risco e prevenir a violência contra crianças.


