Operação “Safra Justa”: Polícia Judiciária desmantela rede que controlava 500 trabalhadores no Alentejo

A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou na terça-feira a organização criminosa alvo da operação “Safra Justa”, que controlava cerca de 500 trabalhadores estrangeiros no Alentejo, embora nem todos sejam considerados vítimas de tráfico, segundo fontes policiais.

No total, foram detidas 17 pessoas, incluindo 11 elementos das forças de segurança – 10 militares da GNR e um agente da PSP – e seis civis, com idades entre os 26 e os 60 anos. Os detidos começam a ser presentes esta quarta-feira ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, para o primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação.

O Ministério Público (MP) e a PJ indicam que os suspeitos são investigados por crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva, abuso de poder, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Segundo a investigação, os suspeitos aproveitaram-se da situação de vulnerabilidade de cidadãos de países terceiros, maioritariamente indocumentados, explorando-os laboralmente, especialmente na agricultura, sem contratos formais e com remunerações abaixo do praticado. Além disso, impunham deduções arbitrárias relativas a alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação.

Os elementos das forças de segurança suspeitos controlavam e vigiavam os trabalhadores em troca de compensações económicas, ameaçando-os para que não denunciassem os abusos. Entre os civis detidos, encontram-se quatro portugueses – incluindo o alegado cabecilha da rede – e dois estrangeiros, de origem indostânica, que recrutavam e coagiam vítimas da mesma origem.

A operação foi conduzida pela Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da PJ, no âmbito de um inquérito do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), com cumprimento de cerca de 50 mandados de busca em Beja, Portalegre, Figueira da Foz e Porto.

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