Portugal registou uma queda significativa em dois indicadores do Migration Integration Policy Index (MIPEX) 2025, após alterações legislativas recentes que limitam o reagrupamento familiar e alargam os prazos de acesso à nacionalidade. Apesar disso, o país mantém a pontuação global ligeiramente acima da média europeia.
O acesso à nacionalidade sofreu uma descida de 86 para 34 pontos, agora abaixo da média europeia de 44 pontos, enquanto o reagrupamento familiar caiu de 93 para 60 pontos, ainda sete pontos acima da média da União Europeia. Segundo a investigadora Lucinda Fonseca, essas quedas refletem desafios recentes, mas também oferecem oportunidades para reforçar políticas públicas e centrar a integração como prioridade estratégica.
O MIPEX avalia políticas de integração em oito domínios e compara mais de 50 países. Até 2024, Portugal era considerado líder em políticas de acolhimento e integração de imigrantes, destacando-se pelo acesso facilitado à regularização, mercado de trabalho, ensino e reagrupamento familiar. No entanto, o endurecimento das políticas migratórias na Europa, impulsionado por movimentos populistas e partidos de extrema-direita, levou a uma estagnação geral, que Portugal também acompanhou.
A investigadora sugeriu medidas como reforço do associativismo de imigrantes, maior intervenção das autarquias, apoio nas escolas e políticas de governação multinível para mitigar os efeitos das novas leis. Por sua vez, António Vitorino, ex-diretor da Organização Internacional das Migrações, considerou que as mudanças terão pouco impacto na atração de imigrantes, servindo mais como resposta à pressão populista.
Durante o evento, Cristina Casalinho, da Fundação Gulbenkian, destacou a hospitalidade histórica de Portugal e anunciou a abertura da fundação a novos projetos voltados à integração de imigrantes e refugiados.


