PJ alerta para aumento da violência e sofisticação no tráfico de droga

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, manifestou esta quinta-feira preocupação com a escalada de violência por parte das redes de tráfico de droga em Portugal, destacando o uso de armas de calibre de guerra, como AK-47, contra as forças de segurança. O alerta foi feito durante a conferência “Tráfico de Estupefacientes por Via Marítima — As Narcolanchas”, em Faro, na qual também prestou homenagem a um militar da GNR morto no final de outubro, durante uma operação no Algarve.

Segundo Luís Neves, as organizações criminosas tornaram-se mais sofisticadas e violentas, com perda de respeito pela autoridade, e os agentes de segurança passaram a ser alvos diretos. Operacionalmente, os traficantes recorrem a embarcações aparentemente legais, submergíveis e semi-submergíveis, apoiados em alto mar por lanchas de alta velocidade que transportam a droga até ao continente. Recentemente, a PJ, com apoio da Marinha e da Força Aérea, apreendeu quase duas toneladas de cocaína a centenas de milhas da costa, num cenário rodeado por várias lanchas rápidas.

Luís Neves explicou que as lanchas deixaram de ser apenas um meio de transporte do norte de África para a Europa, passando a operar a grandes distâncias com combustível adicional, e alertou para a presença de redes internacionais, incluindo uma “macro máfia” no centro e norte da Europa, com destaque para a Suécia, responsável por crimes violentos como homicídios, raptos e ajustes de contas relacionados com o tráfico de droga em Portugal.

Em termos de apreensões, em 2023 a PJ confiscou 23 toneladas de cocaína, sete toneladas de haxixe e centenas de milhares de doses de ecstasy. Este ano, já foram apreendidas 14 toneladas de cocaína, com centenas de detenções e bens de luxo confiscados, através do Gabinete de Recuperação de Ativos. Em 2024, o valor de bens apreendidos ligados ao tráfico ultrapassou 7,5 milhões de euros.

0