Juan Carlos quebra silêncio sobre morte do irmão e queixa-se de abandono por parte do filho, rei Felipe VI

O antigo rei de Espanha, Juan Carlos I, revelou sentir-se abandonado e incompreendido pela própria família, incluindo o filho, rei Felipe VI, no seu novo livro de memórias intitulado “Reconciliação”. A obra, escrita em conjunto com a jornalista francesa Laurence Debray, chegou esta quinta-feira às livrarias em França e será publicada em espanhol em dezembro.

Na autobiografia, o monarca emérito, de 87 anos, lamenta que tanto os amigos como o filho lhe tenham “virado as costas”, reconhecendo, no entanto, que Felipe “tem de ser firme como rei”, mas confessa ser difícil aceitar que ele se mostre “insensível como filho”.

Juan Carlos dedica também várias passagens à rainha emérita Sofía, a quem descreve como uma mulher “excecional, íntegra e bondosa”.

Um dos capítulos mais marcantes, intitulado “A tragédia”, aborda o acidente de 1956, em que Juan Carlos atingiu mortalmente o irmão Alfonso, de apenas 14 anos, quando ambos “brincavam” com uma pistola na casa da família em Portugal.

“Tínhamos retirado o cartucho. Não fazíamos ideia de que ainda havia uma bala na arma”, escreve, afirmando recordar o episódio “todos os dias” e sentir a falta do “amigo e confidente”.

O antigo monarca também nega ter tido qualquer relação com a princesa Diana, descrevendo-a como “fria e distante”, e afirma que a maioria das relações extraconjugais que lhe foram atribuídas pela imprensa “são falsas”.

Na obra de 512 páginas, Juan Carlos revela que gostaria de viver tranquilamente a sua reforma em Espanha e ser sepultado com honras de Estado. Admite ainda ter admirado e respeitado Francisco Franco, sublinhando o papel que desempenhou na transição de Espanha para a democracia após a morte do ditador.

O lançamento em espanhol de “Reconciliação” está previsto para dezembro, coincidindo com o 50.º aniversário da morte de Franco e da restauração da monarquia espanhola.

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