Segunda edição da época 2022-23 contou com a presença de André Moreira, Rogério Pereira e Ana Goios

A Liga Portugal promoveu, esta quarta-feira, o segundo Workshop da temporada 2022-23, desta feita em “Nutrição e Recuperação de Lesão”. André Moreira, Coordenador da Área de Saúde da Liga Portugal, abriu a sessão, que contou ainda com a presença de Rogério Pereira, Fisioterapeuta e Doutorando em Fisioterapia, sendo também Investigador e Diretor de Educação e Desenvolvimento na Clínica do Dragão – Espregueira-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence, e Ana Goios, Licenciada em Ciências da Nutrição e Doutoranda em Ciências do Consumo Alimentar e Nutrição. Helena Pires, Diretora Executiva da Liga Portugal, também esteve na videoconferência.

Como o nome da formação assim o indica, abordaram-se as recuperações de lesões e os seus critérios, mais concretamente na zona dos joelhos, assim como discutidas algumas possibilidades de se procederem às melhores características de reabilitação possíveis. Também a importância da nutrição em todo o processo de recuperação foi debatida, a fim de se tentarem assegurar regressos à competição dos atletas o mais rápido possível, mas também o mais seguro.

Ao longo da sua intervenção, Rogério Pereira teve como tema central o regresso ao futebol após a reconstrução do ligamento cruzado anterior, dando o exemplo de Zlatan Ibrahimovic, que regressou cedo demais aos relvados após a recuperação da sua lesão. Em cada 100 atletas que têm uma reconstrução do ligamento cruzado anterior, 23 ficam sempre condicionados. E no âmbito do futebol? Cerca de 20% dos futebolistas têm uma recidiva no ligamento cruzado anterior, sendo ainda mais comum nos homens do que nas mulheres.

“Tendo em conta tudo isto, provavelmente existem coisas que estão a falhar, até porque o tempo de recuperação não pode ser o único grande critério a ter em conta”, disse Rogério Pereira, que também deu o exemplo de como a recuperação pode ser bem diferente de atleta para atleta. Por vezes, em quatro meses, conseguem-se coisas que noutros casos será impossível num período temporal de meio ano.

“Fazer a reabilitação pré-cirúrgica é essencial, sendo que progredimos não com base em opiniões, mas com base em medidas e critérios”, apontou ainda Rogério Pereira.

Já na segunda parte do workshop foi a vez de Ana Goios, nutricionista que colabora com a Clínica Espregueira-Mendes, entrar em campo. A nutrição associada à recuperação de lesões foi a base de pensamento, passando pela necessidade da adequação do consumo energético à nova situação em que o atleta se encontra, primeiramente através dos alimentos e, quando necessário, recorrendo a suplementos de forma preventiva, dando vários exemplos de atletas que passaram por picos baixos de energia.

De seguida, Ana Goios referiu vários casos de estudo. “Havendo um menor gasto energético, poderá haver a necessidade de uma redução da ingestão de hidratos de carbono. Porém, é fundamental que os atletas não limitem demasiado, até porque cortar em demasia irá prejudicar o processo de recuperação”, salientou a nutricionista. Por fim, concluiu afirmando que “a comunicação com o atleta é fundamental em todo este processo” e que “a fim de reduzir o risco de lesão, é crucial que os atletas não tenham uma crónica falta de energia disponível, pois este é um dos maiores fatores de risco para lesões nos ossos”.