O último relatório da Organização Mundial da Saúde, divulgado esta quarta-feira, calcula em cinco por cento o aumento das mortes associadas à Covid-19 na Europa, durante a última semana. Em sentido inverso, na América, os óbitos causados pelo SARS-CoV-2 decresceram em três por cento.

No Pacífico Ocidental, região que inclui a China, os óbitos associados à Covid-19 desceram em cinco por cento, ao passo que no Mediterrâneo Oriental caíram em 14 por cento.

Já no sul e no leste da Ásia, incluindo a Índia, os casos mortais de Covid-19 aumentaram em um por cento e África viu estes casos subirem três por cento. À escala global, na última semana registaram-se 50 mil óbitos adicionais, número que estabilizou.

Quanto às infeções, estas aumentaram em seis por cento. No Velho Continente, a incidência de 230 casos por 100 mil habitantes foi maior do que em qualquer outra região. No período em análise por parte da OMS, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Turquia apresentaram os maiores números de casos de infeção pelo novo coronavírus.

A Covid-19, doença causada pelo SARS-CoV-2, identificado há quase dois anos em Wuhan, no centro da China, fez já mais de 5,1 milhões de mortos, segundo a contagem em permanente atualização por parte da France Presse. O número de infeções em todo o planeta ascendeu, em 23 meses, a 252 milhões.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde reportou, ontem, 1.693 novos casos confirmados de infeção e nove mortes associadas à Covid-19, em 24 horas. Estavam internadas 486 pessoas, mais 16 do que na véspera, das quais 80 em unidades de cuidados intensivos, mais quatro.

Contudo, apesar destes números, o antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, diz que não há razões para entrarmos num clima de medo injustificado.

Em entrevista à Antena 1, o especialista em Saúde Pública defende medidas ponderadas para responder à pandemia, tendo em conta a alta taxa de vacinação:

Outra ex-ministra da Saúde, Ana Jorge, também ouvida pela rádio pública, diz que é preciso manter e reforçar o uso de máscara, para além de apelar à vacinação:

Entretanto, o coordenador do plano de vacinação diz que cerca de 60% das pessoas elegíveis já estão vacinadas com a terceira dose da vacina contra a covid-19.

Em declarações à RTP, Carlos Penha-Gonçalves alerta, no entanto, que existem muitos milhares de idosos ainda sem este reforço. Nesse sentido, apela à resposta dos utentes quando recebem a mensagem para serem vacinados:

Para o Presidente da República, é preciso esperar pela reunião de sexta-feira, no Infarmed, para se tirarem conclusões. Falando aos jornalistas, a noite passada, junto ao Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, antes de assistir ao concerto de abertura oficial das comemorações do centenário do nascimento do escritor José Saramago, Marcelo Rebelo de Sousa comparou os números de há um ano com os atuais:

O primeiro-ministro admitiu novas medidas para controlar a pandemia. António Costa avisou que é preciso atuar já para diminuir o número de infetados e garantir um Natal sem receios. No entanto, afasta o cenário de um regresso ao estado de emergência:

O primeiro-ministro vai receber os partidos depois da reunião de sexta, no Infarmed. Apesar da dissolução do Parlamento e das eleições antecipadas, o Governo mantém-se, até lá, em plenas funções para tomar medidas.

Refira-se que, apesar da dissolução, o Parlamento pode decretar o estado de emergência.

A Constituição permite que os deputados sejam chamados, em plenário extraordinário, para autorizar um novo estado de exceção, como adiantou, à RTP, o constitucionalista Paulo Otero:

Assembleia da República pode decretar o estado de emergência, se tal vier a ser necessário. No entanto, todos os especialistas consideram  que bastam medidas adequadas à situação atual, para mitigar o número diário de contágios em Portugal.

No entanto, essas medidas só serão tomadas depois da reunião que vai juntar peritos e políticos, esta sexta-feira, no Infarmed, em Lisboa.