O II Encontro Cantanhede – História, Arte e Património foi organizado para promover a reflexão em torno de elementos da identidade local, a partir de estudos de um conjunto de académicos e investigadores com obra reconhecida em áreas que de algum modo se relacionam com esse universo.

Organizado pela Universidade Aberta, o Círculo Português de Estudos Humanísticos e o Município de Cantanhede, com o apoio do Centro de Formação da Associação de Escolas Beira Mar, do Centro de Humanidades da Universidade Nova, da Universidade dos Açores e das juntas de freguesia de Ançã e de Cantanhede e Pocariça, o evento decorreu em duas jornadas, a primeira em Cantanhede, em 31 de março, a última em Ançã, no dia 1 de abril.

Num comentário à margem dos trabalhos de encerramento, a presidente da autarquia, Helena Teodósio, enfatizou “a importância da iniciativa, sobretudo por constituir referências históricas, estudos historiográficos e bens patrimoniais que caracterizam o território, alguns dos quais é preciso estudar melhor e tornar mais inteligíveis, com o intuito de generalizar a partir daí a sua perceção coletiva, na perspetiva de que isso contribui para a afirmação sociocultural do concelho”.

Segundo a autarca, “a dimensão pedagógica deste encontro que vai já na sua segunda edição há de dar os seus frutos, quer suscitando a curiosidade sobre figuras históricas ou alguns dos bens materiais e imateriais de que nos orgulhamos, quer dando a conhecer aspetos particulares que permitem compreendê-los melhor, quer ainda estimulando a realização de estudos destinados a aprofundar abordagens que enriqueçam a respetiva historiografia”. 

A sessão realizada em Ançã, no Quintal da Fonte, foi conduzida pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Pedro Cardoso, que moderou um debate sobre a vila histórica “Na Pedra, na História e na Imprensa” e teve como anfitrião o presidente da Junta de Freguesia, Claúdio Cardoso.

Referindo-se ao II Encontro Cantanhede – História, Arte e Património, Pedro Cardoso afirmou que “o evento resulta de uma parceria alargada, contando com a chancela de instituições académicas e científicas de grande prestígio, o que permitiu juntar um painel de palestrantes qualificados que se reúnem para aprofundar o conhecimento historiográfico da cidade, das freguesias, do concelho de Cantanhede, no fundo de todo o território do concelho, assim como resgatar ao risco de desaparecimento um património valioso, atualmente disperso e nalguns casos sob anonimato”.

O vice-presidente da autarquia cantanhedense, que é também responsável pelo pelouro da cultura, referiu que “o encontro constitui uma oportunidade para revisitar as referências fundamentais e identitárias do concelho, salientando o facto de o segundo dia ser “dedicado à vila histórica de Ançã, coração patrimonial e cultural do concelho”.

Os trabalhos prosseguiram depois com a apresentação das comunicações de Maria Alegria Marques, historiadora e docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Retalhos da História de Ançã), André Almeida Paiva, técnico da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Cantanhede (Tempo e Paisagem: A Pedra e o Homem. Uma Viagem pelo Mesozoico de Ançã), e Manuel Cidalino Madaleno, mestre pela Universidade de Lille (Ançã, Terra de Cultos e Folganças). A jornada de Ançã do II Encontro Cantanhede – História, Arte e Património terminou com uma visita guiada à vila histórica conduzida por Roger Lee de Jesus, investigador da Universidade de Leibniz.

No dia anterior, a sessão inaugural do evento decorreu na Biblioteca Municipal de Cantanhede, tendo sido palestrantes Fernando Larcher, docente e investigador do Centro de Humanidades da Universidade Nova (“Umas memórias corográficas inéditas: A Breve Descripção da Villa de Cantanhede de Manuel Joaquim de Oliveira Almeida Vidal), Pedro Rebelo Botelho Alfaro Velez, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (S. Marcos no Século XX Português: Dos Meneses aos Braganças), Carlos Pereira, professor na Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (O Marquês de Marialva e a sua Escola de Arte Equestre, de Lisboa a Quioto) e Maria Madalena Oudinot Larcher investigadora da Universidade Nova (Duas Figuras Ilustres e Esquecidas em Cantanhede: António e Matias de Carvalho e Vasconcelos”.

 A encerrar os trabalhos, intervieram ainda António Fernando Rodrigues da Costa, docente aposentado da Escola Superior de Hotelaria e Turismo da Universidade Lusófona, Guilhermina Mota, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (População e Família em Murtede nos Inícios de Oitocentos) e Cristina Nogueira, do Núcleo Museológico do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais, (Valorizar e (Re) descobrir o Hospital Colónia Rovisco Pais).Ainda no âmbito do II Encontro Cantanhede – História, Arte e Património, no dia 31 de março à noite realizou-se o lançamento editorial do livro Gravetos da Gândara, de António Castelo Branco, cuja apresentação esteve a cargo de José Ribeiro Ferreira, professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.