O ciclo de exposições “Cuidar de um país”, em Coimbra, vai pôr em debate como a arte e a arquitetura podem contribuir para o reforço da identidade dos territórios.
“O que nós pretendemos é voltar a colocar no centro da discussão pública a ideia de um território uno. Um território onde não há um centro e uma periferia, mas onde há, sim, vários centros que têm relações urbanas com os seus cidadãos”, disse hoje, em conferência de imprensa, Désirée Pedro, da direção do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra.
A intenção é perceber, nomeadamente, o que é que torna os sítios bons para viver e entender o que é que faz com que as pessoas queiram viver nesses locais.
Este ciclo de exposições tem como momento fundador uma proposta do Atelier do Corvo para a representação de Portugal na 18.ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que ficou em segundo lugar no concurso limitado lançado pela Direção-Geral das Artes em 2022.
Dada a urgência do tema, e por ser parte integrante da investigação e reflexões das instituições envolvidas, foi considerado expandir a proposta para um ciclo anual de exposições, para as quais serão convidadas equipas curatoriais distintas.
“O meu desejo é que, através destas exposições, que contrastam com diferentes conceitos da arquitetura e do urbanismo, nós pudéssemos questionar o nosso artigo 82, do PDM [Plano Diretor Municipal], provocá-lo e reconstrui-lo, para que esta cidade consiga integrar, de facto, provocações distintas da área da arquitetura e se considere que o efeito da integração pode ser a desconstrução de conceitos clássicos e a evolução para perspetivas mais contemporâneas do urbanismo”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva.
A primeira exposição, denominada “Todos os tempos se cruzarão”, já está disponível para ser visitada, gratuitamente, até dia 02 de março, de terça-feira a sábado, das 13:00 às 18:00, na sala da cidade do município de Coimbra.
A mostra é organizada pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Universidade de Coimbra (UC), Departamento de Arquitetura (Darq), Centro de Estudos Sociais (CES) e Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC).
António Belém Lima (com a Associação Bairro Alagoas), Ano Zero – Bienal de Coimbra, Bartolomeu Costa Cabral (com a Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior e Casa da Taipa, em Beja), Colectivo Zás, Maria Manuela Oliveira (com o Largo do Toural, em colaboração com a artista Ana Jotta), Nuno Valentim (com o Mercado do Bolhão), Pedro Maurício Borges (com a Capela de Netos), Pedro Matos Gameiro e Pedro Domingos (com a Biblioteca de Grândola), e Walk&Talk são os arquitetos e projetos selecionados para esta primeira exposição.
“Os habitantes da cidade são os que mais ambicionam ter natureza, porque não têm. Os habitantes dos espaços menos urbanos são aqueles que ambicionam ter cidade. Isto é uma mistura explosiva. Nós temos de pacificar esta relação”, apontou o professor da FEUC e investigador do CES, António José Bandeirinha.
Em 2025 será inaugurada a segunda exposição, no entanto, até lá vão ser marcadas conferências e palestras para debater sobre o mesmo tema.
“Nós precisamos de mudar os olhos ou os óculos com que olhamos para Portugal. Precisamos de reinterpretar Portugal”, sublinhou o diretor da FEUC, José Reis.