Congressistas democratas hispânicos dos Estados Unidos criticaram esta terça-feira a política norte-americana de combate ao narcotráfico nas Caraíbas, acusando o presidente Donald Trump de “hipocrisia” após conceder perdão ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado por tráfico de droga.
Hernández, extraditado para os Estados Unidos em 2022, foi condenado em março de 2024 a 45 anos de prisão por três crimes de tráfico de droga e posse ilegal de armas, tendo também recebido cinco anos de liberdade condicional. As autoridades norte-americanas alegam que Hernández recebeu financiamento do narcotraficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán em troca de facilitar o envio de cocaína para os EUA. Trump justificou o perdão como resultado de uma suposta incriminação promovida pelo ex-presidente Joe Biden.
O senador Alex Padilla, da Califórnia, criticou nas redes sociais a contradição entre o perdão a um “notório traficante” e as operações militares da administração, lideradas pelo secretário da Defesa, Pete Hegseth, que teriam resultado na destruição de lanchas suspeitas de tráfico e na morte de dezenas de pessoas nas Caraíbas.
O congressista Joaquín Castro reforçou a crítica, lembrando que Hernández ajudou a contrabandear milhares de milhões de doses de cocaína para os EUA, e considerou incoerente a diferença de tratamento entre o perdão presidencial e as ações militares na região.
Alguns membros do Congresso já tinham manifestado preocupação com a possibilidade de crime de guerra nas operações de setembro, após notícias de que Hegseth terá dado ordem para eliminar todos os ocupantes de embarcações suspeitas de tráfico.


